29 janeiro 2007

Sonho de Amor (Maio 2000)
























(olhares.com)



Mais uma tarde que principiava

e o vento soprou ligeiro.

Deitada naquele velho campo,

roçando a mesma velha relva sonhava contigo:

como seria bom eu ser relva e tu seres chuva;

eu ser árvore e tu seres fruto,

nós sermos um só…

Mas… seria Utopia? Ou talvez ilusão:

por cima aquele intenso mar azul

iluminando cá em baixo

todo o constante flirt que é a vida…

Aí surgido do nada

tocas-me e olhas-me intensamente.

Agora enebriada pelo o teu doce hálito,

sinto-te trespassar o meu corpo com Amor…

Então o nosso beijo durou uma estação,

o amadurecimento de uma romã,

o fermentar de um vinho qualquer.

E se de súbito havias surgido do sonho,

desse eterno e alucinante mar de mosto,

de imediato te evaporaste na efemeridade da vida.

25 janeiro 2007

De novo, Haruki Murakami

Passou-se mais um curto fim de semana! Curto para tanto que gostaria de ter feito, mas que mais uma vez, não fiz. De qualquer forma fiz duas das coisas que mais gosto ao cimo da terra: de dia fui para a praia "fazer a fotossíntese" e à noite li até mais não aguentar!
E quem é que consegue fazer com que eu leia desalmadamente??
Haruki Murakami!!!

À cerca de duas semanas li o Sputnik meu amor, que foi uma pequena desilusão. Acho q o foi especialmente porque ainda tinha muito presente na minha cabeça a fabulosa intriga do Kafka à beira mar e a minha expectativa era de facto muito alta. A trama é interessante, no entanto aquele final deixou-me realmente desalentada.

A narrativa desenvolve-se à volta dessa capacidade admirável de amar de forma abnegada, mas também da total incapacidade de amar. Um rapaz ama a sua única grande amiga que o vê apenas como o seu melhor amigo e sem o qual não consegue viver. Entretanto, ela apaixona-se perdidamente por uma mulher elegante e enigmática que se torna sua chefe e alterará por completo os seus hábitos irreverentes e tresloucados.
Mas porque a incapacidade de amar é algo de tão tormentoso, quanto o é amar cegamente e não se ser correspondido, haverá 3 vivências desalentadas, que se perderão irremediavelmente.

Assim, foi sem qualquer expectativa que peguei no Norwegian Wood. Bom, surpresa imediata. Porque este é um livro apaixonante desde o 1º minuto.

Murakami aflora o mais profundo do ser humano de uma forma muito completa. Veremos a corrosão que a morte pode provocar na adolescência e da conturbação que é o início da vida adulta. Presenciaremos a tentativa de encontrar um lugar num mundo tantas vezes disforme aos nossos olhos. Encontraremos a tentativa de redenção através de amor e o teste dos limites e carências através do sexo desenfreado, veremos mesmo como é fácil andar perto da loucura quando não se acredita que se é capaz comandar a nossa própria vida, porque tudo o que nos rodeia nos aniquila. O livro é percorrido do início ao fim, pela busca, a busca incessante destas e tantas outras coisas.

Este livro é romântico e sensual, mas também é perturbador e de uma tristeza confrangedora. Quando chega finalmente a última página e achamos que nos vão aliviar o peso da angústia das coisas que parecem não avançar, o alívio não chega porque o final é deixado em aberto!
É verdade... Eu fiquei uns minutos de livro na fechado, no colo, a interiorizar toda aquela trama e a ponderar as hipóteses que se abrem naquele final inseperado... Como romântica incurável, acho que consigo perfeitamente bem conduzir Toru Watanabe à pacificação interior e à tão desejada felicidade através da sua apaixonada Midori... Mas isso, é apenas uma visão da coisa...
Boa leitura!
;-)

18 janeiro 2007

O Acaso











(foto olhares.com)


Um dia, um acaso, um reencontro.
Tanto tempo passado e encontravam-se de novo, frente a frente.
Surpresa.

Um dia, há tantos anos atrás, ele fora a sua "salvação".
No pior momento da sua vida, ele esteve lá com uma ajuda providencial. Naquele momento, ele esteve presente, de semblante severo, onde ela acreditava ter visto uma óbvia expressão de reprovação. Desde então, ela sentira-se constrangida sempre que ele se encontrava por perto, com aquele ar circunspecto e distante.
Seria então impossível ela imaginar a pessoa escondida por detrás daquele semblante carregado.

Tanto tempo depois, encontram-se um perante o outro e a surpresa estupidamente inesperada tirou-lhes os pés do chão. O rapaz que nunca se mostrou e que ela conhecia mal, deu lugar a um homem que se quis dar a conhecer melhor. A menina que ele conhecera, era hoje uma mulher que ele jamais imaginara.

Quando falou com aquele timbre grave mas melodioso, ela sorriu. Ele sorriu também, e o seu sorriso apresentou-se franco. Ela riu ao sentir um embaraço crescente. Ele também riu. Riu com um riso dinâmico que a fez sentir-se em casa.
Ela activou então o seu travão emocional e tentou seguir com o seu caminho indiferente ao impacto daquele reencontro tão improvável.

Mas repentinamente o seu caminho parecia conduzi-la sempre ao mesmo destino: aquele ser tão estranho, mas não tão indiferente como ela gostaria que ele fosse. Ela percebeu o homem encantador em que ele se tornou: um homem afectuoso, bem humorado, terno e apaixonado. Na verdade ela não se lembrava de ver aquela expressão, aquele olhar profundo, aquele sorriso delicioso à 15 anos atrás...

Sem que disso se apercebesse, um bem estar inebriante apoderava-se de si sempre que se encontrava ao seu lado... Sem que o previsse, ansiou por pequenos momentos junto de dele... Sem o conseguir admitir exultou com cada cada sms, com cada telefonema... Negando teimosamente o inevitável, mascarou aquela química incontornável de empatia espontânea entre velhos conhecidos.

Mas como há coisas que são mais fortes os encontros assíduos continuaram. E inevitavelmente, vieram as infinitas conversas, os pequenos gestos, as muitas confidências e consequentes cumplicidades. Dos dois, ninguém estava nem aí. Ninguém tinha qualquer tipo de intenção. Ninguém procurava nada.
Ambos encontaram algo.
SURPRESA.
;-)

15 janeiro 2007

Este Fim de Ano!




















(foto olhares.com)

Este fim de ano foi um dos melhores que passei desde há muitos anos.
Diverti-me "horrores", para variar (rs), mas este Fim de Ano foi um dos melhores porque foi particularmente especial!
Imaginem que recebi a maior declaração de "amor" de sempre.
Pois é!!!

Do meu reduzido Top de pessoas favoritas, uma delas é simplesmente bestial.
É ela que está sempre lá, nos bons e maus momentos, com uma palavra amiga ou um puxão de orelhas, com um ombro e um ouvido gigantes... eu diria mesmo que ela é aquela pessoa sem a qual eu seria infinitamente menos feliz!

Nos breves instantes em que ficámos sózinhas, ela disse-me algo de semelhante a isto que eu estou a "postar" agora.
Disse-me o quão importante eu sou para ela porque a partilha de vida que temos é algo de tão excepcionalmente raro, que jamais morrerá. ...
E eu que, nos últimos meses, pareço ter um um sério problema em exprimir os meus sentimentos, fiquei de lágrima no olho e mal consegui retribuir-lhe o elogio (julgo que terei sussurrado de forma atabalhoada o quanto também a adoro) .

Mas agora e para que não restem dúvidas e porque não sou uma pessoa de equívocos, aqui fica abertamente escrito:

És realmente a minha melhor amiga e por mais anos que passem, por mais desilusões que eu sofra, por mais alegrias que eu tenha, tudo faz muito mais sentido quando é partilhado contigo!!!

Obrigada por seres o meu "porto seguro"!
;-)))

08 janeiro 2007

A Fada















Ao virar da esquina passou por mim uma fada.

Grande e maravilhosa, no seu cavalo alado,

ia muito atarefada, até algo ruborizada.

Ora, isto é certamente motivo de indagação,

onde iria a Sr.ª dona Fada, esfuziante e alienada,

com a sua delicada mão no coração!?

Estava tão curiosa, tão ansiosa,

com uma certa preocupação,

que nada fiquei a saber

pois despertei atrasada para uma reunião!

03 janeiro 2007

Um dia... ou talvez não!














(Foto olhares.com)

De facto tudo na vida são momentos... momentos que tanto nos enchem como nos esgotam...
Um dia hei-de saber dosear o impacto desses tantos e diferenciados momentos...
Um dia voltarei a pensar como pensei há muito, muito tempo atrás... ou melhor, eventualmente um qualquer dia deixarei de pensar, pensar, pensar e voltarei simplesmente a sentir!
Afinal, seria tão mais fácil não sentir com a razão...
Como diria Fernando Pessoa "Se o coração pudesse pensar, parava!"

Mas que não se assustem os meus queridos amigos com este texto eminentemente triste... porque na verdade não o chega a ser!
Este texto é meramente um desabafo de quem se apercebe que há invariavelmente coisas que mudam e coisas que se perdem e isso de forma tão gradual e discreta que nem nos damos conta!
É assim... e pronto!!!!
;-)