25 janeiro 2007

De novo, Haruki Murakami

Passou-se mais um curto fim de semana! Curto para tanto que gostaria de ter feito, mas que mais uma vez, não fiz. De qualquer forma fiz duas das coisas que mais gosto ao cimo da terra: de dia fui para a praia "fazer a fotossíntese" e à noite li até mais não aguentar!
E quem é que consegue fazer com que eu leia desalmadamente??
Haruki Murakami!!!

À cerca de duas semanas li o Sputnik meu amor, que foi uma pequena desilusão. Acho q o foi especialmente porque ainda tinha muito presente na minha cabeça a fabulosa intriga do Kafka à beira mar e a minha expectativa era de facto muito alta. A trama é interessante, no entanto aquele final deixou-me realmente desalentada.

A narrativa desenvolve-se à volta dessa capacidade admirável de amar de forma abnegada, mas também da total incapacidade de amar. Um rapaz ama a sua única grande amiga que o vê apenas como o seu melhor amigo e sem o qual não consegue viver. Entretanto, ela apaixona-se perdidamente por uma mulher elegante e enigmática que se torna sua chefe e alterará por completo os seus hábitos irreverentes e tresloucados.
Mas porque a incapacidade de amar é algo de tão tormentoso, quanto o é amar cegamente e não se ser correspondido, haverá 3 vivências desalentadas, que se perderão irremediavelmente.

Assim, foi sem qualquer expectativa que peguei no Norwegian Wood. Bom, surpresa imediata. Porque este é um livro apaixonante desde o 1º minuto.

Murakami aflora o mais profundo do ser humano de uma forma muito completa. Veremos a corrosão que a morte pode provocar na adolescência e da conturbação que é o início da vida adulta. Presenciaremos a tentativa de encontrar um lugar num mundo tantas vezes disforme aos nossos olhos. Encontraremos a tentativa de redenção através de amor e o teste dos limites e carências através do sexo desenfreado, veremos mesmo como é fácil andar perto da loucura quando não se acredita que se é capaz comandar a nossa própria vida, porque tudo o que nos rodeia nos aniquila. O livro é percorrido do início ao fim, pela busca, a busca incessante destas e tantas outras coisas.

Este livro é romântico e sensual, mas também é perturbador e de uma tristeza confrangedora. Quando chega finalmente a última página e achamos que nos vão aliviar o peso da angústia das coisas que parecem não avançar, o alívio não chega porque o final é deixado em aberto!
É verdade... Eu fiquei uns minutos de livro na fechado, no colo, a interiorizar toda aquela trama e a ponderar as hipóteses que se abrem naquele final inseperado... Como romântica incurável, acho que consigo perfeitamente bem conduzir Toru Watanabe à pacificação interior e à tão desejada felicidade através da sua apaixonada Midori... Mas isso, é apenas uma visão da coisa...
Boa leitura!
;-)