03 janeiro 2008

Janeiro 2008



















(Olhares.com)


A porta bate.
Reconheço-lhe o passo estugado.
A voz grave confirma a sua chegada.
Sem resistir, olho.
Ele sorri e eu estremeço.
Senta-se, não sem antes olhar ao seu redor.
Fixo o meu olhar num ponto qualquer, embaraçada.
Silêncio na minha alma.
Só consigo ouvir o som do meu coração a ecoar por toda a sala.
Tento pensar, mas um nervosismo ensurdecedor invade-me inadvertidamente.
Respiro fundo e recomponho-me.
Ele brinca com aquele tom encantador e sua simpatia desarmante
acaba de vez com a pouca tranquilidade que me resta.
Tento encontrar um novo ponto de orientação,
mas o meu olhar vagueia teimosamente até ir pousar naquele canto.
Inevitável. Sorrio.
Ele devolve o sorriso e diz algo que nem consigo ouvir.
Um arrepio percorre-me lentamente.
As pernas fraquejam.
Mas olho para ele de novo e ao vê-lo assim tão seguro e determinado, só tenho vontade de fugir... de correr...
de correr para aqueles braços... de me deixar ficar naquele colo.
Sentir o seu cheiro... o seu calor.
Coro. Disparate.
Em vez disso, lanço o meu pensamento
noutra direcção... seja ela qual for...
e sempre de sorriso estampado no rosto , voo para longe.